Foto: António Cotrim - Lusa
Um dia depois da divulgação do relatório final elaborado pela Comissão Independente, o chefe de Estado comentou as conclusões do documento, que apontam para um número mínimo de quase cinco mil vítimas de abusos sexuais.
O presidente da República disse ainda estar em total sintonia com a Comissão Independente quanto à mudança da lei da prescrição dos crimes de abusos, mas sublinha que a última palavra é dos deputados ao Parlamento.
No relatório apresentado na segunda-feira, a Comissão adiantou ter recebido vários testemunhos, depois de declarações de algumas figuras públicas que deixaram as vítimas "incrédulas".
Questionado sobre o impacto das polémicas declarações feitas pelo presidente em outubro, quando Marcelo Rebelo de Sousa disse que os 424 testemunhos que chegaram à Comissão Independente não lhe pareciam um número "particularmente elevado", o presidente acredita agora que, apesar de incompreendidas, estas declarações podem ter sido um incentivo. O presidente admite ainda que pode ser benéfico alargar a comissão a outras áreas que não apenas a Igreja Católica, como as escolas ou instituições desportivas. Para o chefe de Estado, é inevitável que uma instituição que se confronta com este tipo de relatório, como é o caso da Igreja Católica, tenha de "mudar de vida".
O presidente da República considera que a Igreja Católica deve assumir responsabilidades, pela forma como estes crimes aconteceram ao longo de décadas, tendo muitos deles sido ocultados por pessoas ligadas à hierarquia da Igreja.
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